Quando a tecnologia é aliada

Especialistas concordam: se não forem utilizados de forma moderada, tablets, computadores, videogames e celulares podem ser prejudiciais à garotada. Mas se é difícil tirar os pequenos da frente das telas, que tal fazer delas um instrumento educacional? É isso o que propõem os cursos livres de programação. Voltados a meninos e meninas a partir dos 6 anos de idade, eles transformam os bichos-papões de pais e educadores em aliados no desenvolvimento cognitivo, na concentração e na resolução de problemas, além de proporcionarem contato com questões de lógica e de matemática. “Muitos pais nos contam que os filhos, depois de passarem por nossas salas, estão mais concentrados nos estudos, mais criativos e mais responsáveis”, afirma Marcely Ishigaki, pedagoga da Buddys Escola de Tecnologia, com duas unidades em Beagá, nos bairros Ouro Preto e Sion. “É a tecnologia sendo usada de maneira inteligente, ajudando a meninada em questões nas quais muitas vezes ela teria dificuldades.”

Aberta recentemente no bairro Santa Lúcia, a Just Coding, criada por duas amigas, Ana de Oliveira Rodrigues e Daniela Lacerda, investe em uma técnica desenvolvida pela Code.Org, uma ONG cujo objetivo é propagar o ensino da programação mundo afora. O curso se dá por meio de pair programming, no qual a garotada, entre 6 e 18 anos, trabalha em duplas resolvendo problemas, aprendendo uns com os outros,socializando e, o mais importante, trocando experiências. “O pair programming é uma técnica utilizada por grandes empresas como Facebook e Twitter”, explica Ana, com formação em engenharia elétrica e doutorado em programação. “As aulas despertam nas crianças a necessidade de não ser apenas consumidoras da tecnologia, mas produtoras.” Suas filhas Alice, de 9 anos, e Rosa, de 3, já foram iniciadas nesse universo. “A tecnologia é o nosso futuro”, diz Alice. “Tecnologia é para a gente aprender a fazer todas as coisas”, acredita a pequena Rosa. “Na minha casa, deixo uma hora por dia para elas escolherem entre o computador, o celular ou a TV. Mas quando o assunto é programação, aí o tempo é maior”, revela Ana.

Enrico Scanni com seu pai, Cláudio, na Inspirar: peças de Lego como ferramenta de aprendizado

Algumas escolas mantêm parcerias com colégios belo-horizontinos. É o caso da Inspirar, localizada no Anchieta, que desde 2009 atua como parceira curricular de diversas instituições e treina professores para trabalhar robótica com os alunos. A ideia é envolver os temas que são ministrados em sala com as ferramentas disponibilizadas pela programação. “Se a matéria é física, temos condição de torná-la mais compreensível”, afirma Marcos Bueno do Nascimento, sócio-diretor da Inspirar. A Inspirar é representante exclusiva da Lego Educacional na região metropolitana de BH. O programa Zoom utiliza as peças do brinquedo como ferramenta de aprendizado e é ofertado para alunos do ensino infantil até o ensino médio. Já os cursos Líder e Genius são extracurriculares. O primeiro é indicado para jovens entre 10 e 15 anos, e o segundo dá noções básicas de robótica para a meninada entre 6 e 9 anos. “Eu consegui montar um carrinho que sobe montanha”, conta, entusiasmado, Enrico Guimarães Scanni, de 7 anos. “Com minha turma, fizemos a programação no computador, depois montamos a base e os eixos do carro. No final, colocamos o motor.” Além de verem seus filhos aprendendo o bêá-bá de softwares, algoritmos e afins, os pais garantem que o melhor dos cursos é poder observar esse entusiasmo nos pequenos.

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